quinta-feira, abril 06, 2006

No teatrinho com Palocci

Deputado Jorge Bittar, olha o nível...
Absolutamente fora da pauta (eu escrevi pauta), o sr. Jorge Bittar perdeu as estribeiras e revelou, de público, suas origens.
Espero que os eleitores o britem nas próximas eleições.
Espero mesmo.
Ele merece ser reduzido a nitrato de pó fecal.
Mas talvez seu eleitorado tenha as mesmas origens.

Uma no Prego, Outra na Ferradura
No mesmo dia, em Brasília, a aprovação do relatório da CPMI dos Correios... e mais uma fatia de pizza servida.
Uma fatia das grandes.
Pelo cheiro da brilhantina, periga do prego que foi batido tenha sido prego com estopa, para inglês ver.
Foi um passo importante.
Mas, se for engavetado e passar a ser apenas mais um documento histórico, ganhará a estatura da constituição brasileira: um belo rol de declarações vazias.

256 Traficantes Mocozeados no Congresso
Todo mundo viu as justificativas dadas para a não cassação do sr. João Paulo Cunha: "tem muitos amigos na casa", "muitos lhe devem favores", etc. etc.
Tráfico de influência explícito, cumplicidade declarada.
Seria de se esperar que aos traficantes mocozeados no congresso nacional fosse dado o mesmo tratamento que aos traficantes dos morros cariocas?
A palavra droga pode ser aplicada nos dois casos e tráfico também.
Meu medo é que uma bala perdida acertasse um deputado inocente.
Mas precisaria ser uma bala muito, muito seletiva.
Ainda bem, para eles, que vivemos em plena democracia e o exército jamais ocupará o Congresso como ocupa os morros.

Mestre Aurélio
Tudo fica Claro com a ajuda de um bom dicionário.
Recorrendo ao Aurélio para entender o que aconteceu, tudo ficou Claro e se descobre os Vivos.
Transcrevo:
"Cunha - Fig. V. pistolão2"
Para me esclarecer, procuro pistolão e encontro:
"1. Empenho ou recomendação de pessoa importante.
2. Pessoa que faz esse empenho ou recomendação."
A pessoa certa, com o nome certo, na hora certa.
Para os Marcos Valérios desse mundo e seus 256 cúmplices congressuais.

óbvio do Óbvio
No espetáculo Palocci, agora em seu terceiro mas não derradeiro ato, ficou mais uma vez provado: a impunidade leva a crimes cada vez maiores. Cito Racine, em Fedra [disponível no eBooksBrasil]:
   "Alguns crimes precedem grandes crimes.
   Quem da virtude transgrediu a meta,
   Por fim quebra os direitos mais sagrados.
   Como a virtude, tem degraus o vício;
   Jamais se viu a tímida inocência
   Passar dum salto à licença extrema;
   Um mortal com virtude, só num dia
   Não se torna assassino, incestuoso.
"
A leniência com os pequenos "equívocos" é a abertura da avenida para os crimes maiores.
Óbvio ululante, como diria outro autor teatral.
E por falar em teatro, para quem estranha as estripulias do ministro da justiça do fedegoso país dos bruzundangas, recomendo a leitura de "O Mercador de Veneza" (Shakespeare - ed. Ridendo Castigat Mores - disponível também no eBooksBrasil)