sexta-feira, outubro 29, 2010

2010 - Declaração de Voto: Eleitor ou Cúmplice?

São tantas, mas tantas mesmo, as falcatruas provadas do Partido dos Trabalhadores, tantos os petistas envolvidos em fraudes e desvios de dinheiro público, que nem precisaria o PT ter como aliados Sarney, Maluf, Collor e outras figurinhas carimbadas para que afirme: quem votar em Dilma Rousseff não estará sendo eleitor, mas cúmplice.
Não bastassem as provas de improbidade, seguidamente exibidas, confessadas umas, provadas outras, ainda carrega consigo o PT um passado suspeito.
Das sombras do passado recente, surgem suspeitas de assassinatos envolvendo altas figuras do PT.
Basta ouvir as ligações telefônicas dos petistas, aqui, no caso Celso Daniel, ou as informações que eu mesmo coloquei, tempos atrás, sobre a morte de Toninho de Campinas, aqui.
Muitos dos links não estão mais ativos, mas o material mencionado não é difícil de ser encontrado.
Mesmo que passássemos uma borracha indulgente apagando este passado, ainda sobrariam os casos de Erenice Guerra e familiares, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), para só pinçar dois dos casos mais recentes.
Mas tem mais. Muito mais.
Tem os disse e os não-disse de dona Dilma Rousseff, na tentativa de agradar gregos e troianos, católicos e evangélicos, Deus e Satanás, mantendo o namoro com os opostos.
Quem tem olhos para ver, ouvidos para ouvir e um minimum minimorum de bom senso, percebe que, em busca dos votos necessários, mandam às favas a coerência, os princípios, os programas discutidos e jurados, os compromissos assumidos e, para agradar a clientela, fazem juras de amor com a mesma facilidade, veleidade e validade das feitas pelas hetairas nos lupanares da polítiquice em todas as eras.
Para ganhar a eleição, manter o "poder", fazem suas as palavras de Jarbas Passarinho, ao assinar o AI-5: "às favas os princípios".
Dona Dilma foge, como o diabo da cruz, vampiros de espelhos, de revelar, discutir e defender o verdadeiro programa de governo, o PNDH-3, que pode ser lido aqui.
Uma leitura atenta revelará as verdadeiras intenções dos ideólogos enrustidos por trás do rosto, sorriso e discursos da face escolhida para ser a máscara a ser apresentada ao grande público.
A base aliada, aquela que não compartilha do programa, é venal o suficiente para ser comprada por um cargo aqui, uma prebenda ali, uma sinecura acolá, uma negociata alhures. Alguns mais baratos ainda: aliados, sempre, com quem estiver no poder, pela mera satisfação de compartilhar ou ter a sensação de compartilhar do poder e prestígio de quem os têm.
Por tudo - e muito mais! - daria páginas! - não vou votar em Dilma Rousseff.
Acima de tudo porque não acredito - nunca acreditei - que os fins justificam os meios.
Quem adota as práticas que condena no outro, acabará sendo o outro, por mais que negue, disfarce e não goste.
Por mais que utilize o passado mitificado para encobrir a lama em que hoje chafurda, faz companhia e é igual aos porcos com que hoje coabita.
Há mais parecenças que diferenças entre os "da luta armada" e os "filhotes da ditadura" de ontem. Insistem em discursar sobre o passado, para uma nação que tem os olhos postos no futuro. Têm em comum suas lembranças.
Unem-se no desprezo à democracia, no usufruto do poder, no amor ao passado e resistência ao futuro que lhes bate à porta.
Entre ser cúmplice, anular ou ser eleitor, escolho ser eleitor.
Escolho ser eleitor, votando Serra45, por uma única, exclusiva e eliminatória razão: não quero ser cúmplice.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Tocando em frente (2)

Esta candidatura deve ir além da disputa pela presidência. Precisa ser uma
convocação para unirmos nossos saberes e nossas forças a fim de construirmos
o Brasil que queremos. A maior emoção que sinto agora, quando assumo nesse
movimento o lugar de candidata à Presidência da República, é a de fazer parte deste
processo, tendo a profunda convicção de que este caminho só nos levará a um bom
lugar, se aberto e trilhado por todos nós, no tempo, na forma e no passo de cada
um.
” - Juntos pelo Brasil que queremos - Diretrizes para Programa de Governo - PV Marina43

Verde que te quero ver-te:

Agora, após a avassalante onda verde que começou a oxigenar a política brasileira, para seguir em frente, “na forma e no passo de cada um”, é sempre bom reler, para quem já leu; ler, para quem não leu:

Diretrizes Programáticas

Penso cá com meu teclado: algo que obteve o endosso de milhões, quase 20% do eleitorado brasileiro, vale a pena ser divulgado, lido, conhecido, discutido.

Para facilitar, coloquei, acima, o link direto para o arquivo em pdf, encontrado na web em www.minhamarina.org.br.

Uma sugestão: não imprima, poupe papel, poupe árvores. Dou cá, mais uma vez, meu testemunho: é só uma questão de costume. Desde agosto de 1999 vivo muito bem sem impressora. Além de poupar papel, economizo em tinta, evito ter que fazer o descarte de cartuchos. Quando sou obrigado (na maioria das vezes por repartições públicas!) a apresentar recibos, por exemplo, em papel, recorro a serviços disponíveis (lan house, birô, p. ex.).

Existem diversas impressoras virtuais disponíveis, para os diversos sistemas operacionais. Eu uso pdf995. E cada vez mais programas, ecologicamente corretos, permitem salvar como pdf.

Desculpe a digressão, mas é que eu acho que coisas pequenas, pequenos gestos, pequenas sementinhas, quando enraizam podem virar árvores gigantescas... Em tudo. É só semear.



Até o segundo turno.

Valeu, Marina! - E vamos tocando em frente: um passo por vez.

sábado, outubro 02, 2010

Seguindo em Frente

Transcrevo artigo de FHC, análise que subscrevo integralmente:

"Segundo turno para resistir ao rolo compressor do oficialismo.

Fernando Henrique Cardoso

A campanha eleitoral termina sua primeira fase como se estivéssemos escolhendo entre duas ou três pessoas em razão de suas diferentes psicologias, grandes feitos, pequenas fragilidades pessoais ou o que mais seja. E não porque representam caminhos diversos para o país.

O governo de Lula e do PT se iniciou disposto a exercer o papel de renovador da política e da ética. Termina abraçado com a despolitização e o clientelismo. Ser pragmático é o que conta; ter bons índices de popularidade, aproveitar as águas calmas de um PIB em ascensão para distribuir benesses para todos os lados, fazer discursos inconsistentes, mesmo que chulos, para agradar a cada audiência. E, sobretudo, criar muitas imagens, registrando desde o ridículo até o sublime. Lula na Bolsa se autodefinindo como sumo sacerdote do capitalismo financeiro global representou o coroamento de uma trajetória. Como se de suas mãos escurecidas de petróleo brotassem ações ricas em dividendos futuros, e não do esforço árduo de gerações de trabalhadores, técnicos e políticos para viabilizar a Petrobras como uma grande companhia, da qual todos nos orgulhamos.

Por trás das máscaras dos candidatos, contudo, existem opções reais. Se elas se apresentam desfiguradas pelas técnicas mercadológicas, nem por isso deixam de representar distintas visões do país e interesses diversos. É por isso que, diga-se ou não, o dia de hoje é marcante. Em primeiro lugar, porque a despeito de o chefe da nação ter-se comportado como chefe de facção, chegando a falar em extermínio de adversários; apesar da massa de recursos mobilizada em propaganda direta ou indireta com as cornucópias públicas a jorrar rios de anúncios sobre “grandes feitos”; em que pese o personalismo imperial do presidente em sua verborreia incessante; não obstante tudo isso, com certeza pelo menos 40% dos eleitores não se dispõem a coonestar tal estado de coisas. E é pouco provável que os que ainda pendem para o outro lado alcancem hoje os 50% mais um dos votos válidos. A tentativa plebiscitária do “nós bons versus eles maus” não colou, a menos que se condene metade do país ao infortúnio de uma qualificação negativa perpétua.

Em segundo e principal lugar, o dia de hoje é importante porque abre um caminho para a convergência entre os que resistem ao rolo compressor do oficialismo (o PSDB com Serra e o PV com Marina). Temos em comum a recusa ao caminho personalista e autoritário. Rejeitamos a ideia de que esse caminho seja o único capaz de trazer progresso econômico e bem-estar social. Sabemos que, junto com o que de positivo possa haver sido alcançado nos últimos oito anos, houve também a penetração avassaladora de interesses partidários na administração pública. Também nela penetraram os interesses de grandes empresas, fundos de pensão e sindicatos. São estes os atores que, em aliança oportunista, dão sustentação à ideia de que é o Estado o motor do crescimento econômico. Os que resistem ao rolo compressor acreditam que o antídoto para esses males é o fortalecimento das instituições, o respeito às regras legais e a afirmação de lideranças que não dividam o país entre “eles” – os maus – e “nós” – os bons.

Não é pouca coisa, portanto, o que está em jogo. Segundo o mantra oficial, a disputa política estaria resumida a dois blocos. No primeiro, estariam os que estão comprometidos com o interesse popular, com o bem-estar social e com a defesa dos interesses nacionais pelo Estado. No segundo, os “moralistas”, que só se preocupam com o mundo das leis e com a honestidade na política porque já estão bem na vida. Vencendo o primeiro, o povo se beneficiaria com a distribuição de renda, as bolsas, emprego abundante etc., e o país com mais investimento e com a ação estatal para incentivar a economia. Vencendo o segundo, prevaleceriam os interesses dos que não olham para “o andar de baixo”, na metáfora expressiva, embora incorreta, e podem se dar ao luxo de exigir formas corretas de conduta.

É preciso recusar essa visão distorcida do país. Na verdade, ele tem vários andares, e um ou mais elevadores que sobem e descem. Há mobilidade social e mobilidade política. O que hoje pode ser visto como “moralismo” amanhã pode tornar-se aspiração de todos os andares. É esta a batalha a ser travada. Não denunciamos a corrupção, o clientelismo e a ineficiência por “moralismo”, mas, sim, para mostrar, em nome da justiça social, o quanto os andares de baixo perdem com a ineficiência, a corrupção e o clientelismo. Não aceitamos que os defensores do patrimônio público ou os que denunciam o abuso do poder político sejam, por isso, chamados de elitistas. Haverá mais e não menos inclusão social e desenvolvimento quanto mais eficiência houver no governo e decência, na vida pública.

A votação de hoje provavelmente nos levará ao segundo turno. Nele será indispensável mostrar que o PSDB não apenas foi decente como também fez muito pelo social quando foi governo. A começar pela estabilização, que é obra do nosso governo. Fez e está credenciado a fazê-lo novamente, junto com Marina, porque sabe que não há desenvolvimento de longo prazo sem sustentação ambiental.

Sem se arvorar a ser o único portador desses valores, é isso que Serra representa: a recusa da confusão entre malandragem e proximidade com o povo, entre abuso estatal no controle da economia e ação vigorosa do governo no manejo das políticas econômicas e sociais. O dia é hoje, a hora agora, para começar a construir um futuro melhor: o país merece um segundo turno no qual o confronto aberto entre os contendores dê aos eleitores a oportunidade de ver as diferenças entre os caminhos propostos, encobertas até aqui pela rigidez das máscaras mercadológicas."

Transcrito de Guerreiro de Papel